daniel bueno, da Revista Pesquisa FAPESP
Em algumas cidades, às vezes, é possível observar no horizonte a poluição concentrada e, logo acima desse bloco de ar amarronzado, o céu azul livre de nuvens. A poluição é tão distinta que parece existir uma linha fina transparente dividindo a atmosfera. Essa concentração de poluentes ocorre, geralmente, quando há uma inversão térmica. Ela acontece quando a umidade do ar está baixa e o céu praticamente sem nuvens nem vento. É mais comum durante o inverno no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. No Nordeste ocorre, praticamente, o ano todo.
Quando há inversão térmica, o ar frio(mais denso) fica aprisionado próximo ao solo, pressionado por uma camada de ar quente (mais leve). A falta de vento e de umidade também impede a dispersão do ar. Assim, os poluentes emitidos por veículos e indústrias vão se acumulando entre cerca de um e três quilômetros acima da superfície.
O fenômeno foi batizado como inversão térmica porque o ar próximo ao solo é, de modo geral, quente, e não frio. Quando não há inversão térmica, o ar realiza um movimento cíclico na atmosfera terrestre: o ar frio desce, esquenta perto do solo, fica mais leve e sobe quente. Os ventos e as nuvens colaboram para essa movimentação e, dessa maneira, os poluentes ficam diluídos pela atmosfera, e não aprisionados próximos à cidade.
Maria Assunção Faus da Silva Dias Universidade de São Paulo (USP)
O microclima urbano refere-se ao clima específico de uma área urbana. Diferentes fatores contribuem para esse microclima:
Ilhas de calor urbano: As cidades tendem a ser mais quentes que as áreas rurais ao redor devido à grande concentração de edificações e pavimentação, que absorvem e retêm calor.
Poluição atmosférica: A poluição gerada por veículos, indústrias e outras atividades urbanas pode modificar a qualidade do ar e impactar o clima local.
Alteração da vegetação: A redução de áreas verdes e a substituição por construções aumenta a temperatura e altera padrões de umidade.
Geomorfologia: A topografia da cidade, como montanhas ou vales, pode influenciar o clima local.
Os microclimas urbanos são importantes para entender como as cidades afetam o ambiente e como podemos planejar melhor os espaços urbanos para mitigar esses impactos.
As mudanças climáticas têm um impacto significativo no microclima urbano. Vejamos alguns dos efeitos observados:
Aumento das temperaturas: As mudanças climáticas estão elevando as temperaturas gerais, exacerbando o efeito das ilhas de calor urbano. Isso aumenta o consumo de energia para refrigeração e pode ser perigoso para a saúde pública.
Eventos climáticos extremos: Tempestades, enchentes e ondas de calor estão se tornando mais frequentes e intensas, desafiando a infraestrutura urbana e aumentando os riscos de desastres.
Alterações nos padrões de precipitação: As mudanças no volume e na distribuição da chuva podem provocar tanto secas quanto alagamentos, afetando a disponibilidade de água e a gestão urbana de águas pluviais.
Qualidade do ar: O aumento das temperaturas pode piorar a qualidade do ar, amplificando problemas relacionados à poluição, como a formação de ozônio troposférico e a dispersão de particulados.
Impacto na vegetação urbana: Os padrões de temperatura e precipitação influenciam a saúde e a sobrevivência das plantas nas áreas urbanas, que são cruciais para resfriar o ambiente, purificar o ar e proporcionar sombra.
Esses desafios destacam a importância de estratégias de planejamento urbano resilientes e sustentáveis. Soluções como a criação de mais espaços verdes, telhados verdes, maior eficiência energética e a promoção de formas de transporte sustentáveis são essenciais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas no microclima urbano.
MicroClima Urbano - Fonte Escola Educação
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